Bem-estar de forma prática para você estar mais bem consigo.

Resposta ativa e construtiva: Pratique e crie conexão genuína nas suas relações

Um amigo aborda você para contar uma boa notícia. Sem notar, você:

a) Diz “que legal”, sem entusiasmo. Não dá atenção à fala dele e se concentra no que está fazendo;


b) Encontra problemas na “boa notícia” e discorda do que ele está dizendo… mostrando que a notícia não é tão boa assim;

c) Ignora o que foi falado e muda o foco da conversa para outro assunto ou algo sobre você.

Desatentos, somos capazes de bloquear a conexão diante da situação mais propícia para que ela flua: quando alguém nos escolhe para compartilhar algo bom que aconteceu.

Os exemplos que mencionei são tipos comuns de resposta que que se enquadram como: resposta passiva e construtiva; ativa e destrutiva, e passiva e destrutiva. A princípio parecem inocentes mas, aos poucos, corroem as nossas relações e vão criando desconexão.

Pois esse tipo de resposta dificulta que as pessoas entrem em sintonia durante uma conversa e criem intimidade, laços de confiança e reciprocidade.

Quer entender melhor como funciona cada tipo de resposta e qual é a única que contribui para criar e fortalecer conexões genuínas nas suas relações no dia a dia?

Fica comigo porque explico isso para você ao longo desta conversa.

Os elementos básicos da comunicação

A comunicação (verbal e não verbal) é uma das nossas principais formas de conexão uns com os outros. Mas a comunicação é algo tão natural para nós na rotina que sequer percebemos a atuação de todos os componentes que fazem parte dela, durante as nossas interações no dia a dia.

Toda comunicação envolve:

a) um emissor que codifica: transforma um pensamento em algo comunicável,

b)  e envia uma mensagem,

c) por meio de um canal,

d) para um receptor que decodifica (interpreta) a mensagem.

e) A mensagem que comunicamos gera um feedback (a resposta do outro).

f) A mensagem sempre está passível de ser afetada por interferências de ruídos – aspectos que podem distorcer o conteúdo da mensagem.

Em uma conversa esse é um ciclo contínuo: emissor > mensagem > canal > ruído > mensagem > receptor > feedback (resposta)

Agora que já alinhamos o básico sobre o processo de comunicação, hoje conversamos sobre como receber boas notícias e criar mais conexão nas suas relações, na etapa do feedback (resposta).

Duvido que você já tenha pensado sobre isso!

Conheça as respostas ativa construtiva, passiva construtiva, ativa destrutiva e passiva destrutiva

Como mencionei no exemplo no início desta conversa, diante do compartilhamento de uma notícia positiva, podemos adotar quatro comportamentos:

1) resposta ativa e construtiva

2) resposta passiva e construtiva;

3) resposta ativa e destrutiva, e

4) resposta passiva e destrutiva .

Imagine que um amigo conta para você que fez uma apresentação e que foi muito parabenizado pelos colegas de sala ou de trabalho.

Diante disso, você poderia responder (feedback) dizendo:

Resposta 1:

“Que alegria! Estou muito contente por você. É um super reconhecimento!  E aí, como foi a apresentação? Quero detalhes. O que você fez? O que disseram?”

A resposta ativa e construtiva (nutre):

  • demonstra interesse (faz perguntas e engaja-se na conversa);
  • compartilha entusiasmo com a notícia contada pelo outro;
  • apresenta linguagem corporal e expressões faciais amigáveis e receptivas (por exemplo, sorri);
  • faz contato visual.

Resposta 2:

“Ah, que legal.”

Resposta passiva e construtiva (fria):

  • demonstra desinteresse;
  • não estimula a conversa. Na realidade, encerra a conversa o mais rápido o possível.
  • ocupa-se com outras atividades (multitarefa) enquanto a pessoa fala;
  • não faz contato visual.

Resposta 3:

“Que bacana. Não posso escutar agora.” Responde sem entusiasmo e ignora o que a pessoa diz. O “não posso escutar agora”, neste exemplo, representa um padrão de indisponibilidade emocional. Não um limite saudável. É importante diferenciar ambas as respostas.

Ou:

“ Hmmm que bacana. Sabia que sou ótima em fazer apresentações? Isso me lembrou de uma ferramenta que usei na última apresentação que montei. Posso ensinar você a utilizar. Tenho certeza que vai gostar. Olha aqui…”

Resposta passiva e destrutiva (ignora):

  • Ignora o que o outro diz;
  • Muda o assunto da conversa;
  • Torna-se o centro da conversa.

Resposta 4:

“Uau! Supreendente, hein?! Você em geral fica mega nervosa quando se apresenta.”

Ou:

“Quem te falou que você foi bem? Não foi a Ana, certo? Ela é muito boazinha… Não consegue avaliar naaada. Tem certeza de que ela não estava amenizando a situação? Não disse isso tipo te consolando? Pra você não desanimar…”

Resposta ativa e destrutiva (fere):

  • desacredita o que a pessoa fala e/ou a própria pessoa;
  • encontra falhas e problemas em tudo o que a pessoa diz;
  • rouba a alegria do outro;
  • pode ser utilizada como uma forma de manipulação (estimular o outro a fazer o que você deseja).

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Para ficar ainda mais claro, deixa eu compartilhar outro exemplo.

Contexto:

José está assistindo televisão. Maria entra na sala e diz que ganhou duas entradas para o show da sua banda preferida. Diante disso, José pode adotar a seguinte postura:

Resposta ativa e construtiva (nutre):

“Sério?! incrível! Você comentou que estava difícil conseguir os ingressos. Como isso aconteceu?”

Resposta passiva e construtiva (fria):

Sem desviar os olhos da televisão, José murmura:

“Que sorte… seguido de silêncio.”

Resposta passiva e destrutiva (ignora):

“Ah, é?.. Olha, você reconhece aquela atriz? Não consigo lembrar o nome dela. Outro dia eu estava conversando com o seu tio e ele me contou que…”

Resposta ativa e destrutiva (fere)

“A moça do tempo disse no jornal agora a pouco que vai chover muito no dia do show. Será que vale a pena mesmo ir? O trânsito vai ficar horrível e ainda vou ter que deixar de ver um episódio daquela série. O que você acha de ficarmos por aqui mesmo? A gente pede algo para comer. Vai ser bem melhor… além do mais estou bastante cansado. Você sabe que tenho trabalhado demais.”

A resposta ativa e destrutiva tem potencial de ser utilizada como uma forma de manipulação ou de cuidado. No caso da manipulação, a intenção é induzir a pessoa a fazer algo que talvez não seja o melhor para ela.

Quando há cuidado real, é possível se engajar na alegria da pessoa que compartilha a boa notícia e, em outro momento, alertá-la de algo.

Por exemplo, uma colega conta que foi promovida e você questiona se ela tem certeza que deseja aceitar o cargo, porque isso implicará:

  • em mais horas de trabalho (ela havia mencionado que estava cansado);
  • terá que mudar de cidade (pergunta se ela já contou para o seu namorado ou marido?),
  • é uma grande responsabilidade (questiona se ela está realmente “preparada”).

Nesse caso, embora a intenção seja positiva: evitar o sofrimento alheio ou ajudá-la a lidar melhor com o desafio, adotar uma resposta ativa e destrutiva cria desconexão na relação.

Exercite a sua sabedoria.

Você pode deixar a pessoa vivenciar a experiência de alegria momentânea e, após algumas horas ou dias, abordá-la  com o objetivo de fazer com que ela reflita melhor sobre o que compartilhou com você.

Apenas não mate a alegria alheia e a conexão. Combinado?!

A única alternativa que cria mais conexão nas nossas relações: resposta ativa construtiva

Dentre os quatro tipos de respostas, apenas a ATIVA e CONSTRUTIVA contribui para o fortalecimento das nossas relações. Ela está conectada à criação do senso de compromisso, satisfação, intimidade, reciprocidade e de confiança. As demais vão contra tudo isso.

Diante das respostas: passiva e construtiva, ativa e destrutiva, e passiva e destrutiva, aos poucos a pessoa deixa de compartilhar o que acontece de bom à ela. Pois, no longo prazo, a falta de engajamento e reciprocidade desgasta o senso de confiança e intimidade.

Importante lembrar que podemos adotar os três tipos de respostas prejudiciais de forma consciente ou não.

Afinal, às vezes realmente queremos evitar criar um vínculo com determinada pessoa ou render uma conversa.

Por exemplo, um estranho puxa assunto na rua e você não quer engajar-se ou simplesmente não quer falar com a pessoa no momento. Caso seja consciente, ok. Você está escolhendo intencionalmente não se engajar e se desconectar durante uma conversa.

O problema existe quando adotamos esses tipos de resposta de forma inconsciente (no piloto automático) e, com isso, não percebemos que aos poucos estamos desgastando um vínculo importante.

Agora, mais consciente, você pode começar a observar qual é o tipo de resposta que você adota quando alguém compartilha uma boa notícia com você, e entender por que às adota. Se tal resposta é utilizada de forma intencional ou não.

Exercite a resposta ativa e construtiva, e fortaleça a conexão na sua rotina

Um ingrediente fundamental para cultivarmos conexões mais saudáveis e genuínas é a consistência na adoção de comportamentos e gestos construtivos.

Ao adotarmos a resposta ativa e construtiva como o nosso padrão de ação diante do compartilhamento de algo positivo que ocorreu com o outro, dizemos para ele sem sequer utilizar uma palavra que:

  • estamos interessados no que ele diz;
  • que o apreciamos;
  • nos importamos com ele e valorizamos o nosso tempo juntos.

Responder de forma ativa e construtiva diante de uma boa notícia compartilhada por uma pessoa querida ou do seu convívio, provavelmente não demandará mais do que cinco minutos do seu dia. Especialmente se você souber conduzir a conversa.

Juro que o retorno sobre o investimento do seu tempo compensará, e muito. Você entrará em sintonia com as pessoas com as quais convive e suas relações se tornarão mais saudáveis e leves.

E aí, hoje, qual é o seu padrão de resposta quando alguém compartilha com você uma boa notícia?!


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