Bem-estar de forma prática para você estar mais bem consigo.

Por que e como definir o seu propósito: da vida agradável à vida com sentido

Qual o seu motivo para se levantar todos os dias?

Você sente satisfação e sentido na vida?

Na nossa última conversa, refletimos sobre a sensação de vazio sentida por Anitta, que pode estar conectado à falta de senso de autovalor. Hoje, quero conversar com você sobre três aspectos importantes para viver uma vida com mais satisfação e sentido; em contraste à sensação de uma vida vazia.

Caso ainda não saiba, a Psicologia Positiva surgiu no final da década de 1990, impulsionada por Martin Seligman, como uma proposta de mudança no foco tradicional da Psicologia.

Em vez de estudar apenas doenças e sofrimentos, esse campo foi criado com o objetivo de reunir e incentivar pesquisas que identificam os fatores que promovem o bem-estar e o florescimento humano, como emoções agradáveis, engajamento, relações saudáveis, realizações, sentido de vida, resiliência, otimismo, micro-hábitos e rotinas de autocuidado, etc.

Entre as principais contribuições de Seligman está a identificação de três tipos de “vidas felizes” (three happy lives), que se complementam e ajudam a construir o que ele chama de Vida Plena. Esses conceitos são apresentados no seu livro Felicidade Autêntica (2002) e em sua palestra no TED “A nova era da Psicologia Positiva”.

Já assistiu?

Segundo Seligman, os três tipos de “vida feliz” são:

Vida Agradável (Pleasant Life)

É aquela que valoriza os prazeres momentâneos e as emoções agradáveis: alegria, gratidão, prazer, tranquilidade, esperança, contentamento.

Baseia-se em experiências sensoriais e afetivas que tornam o cotidiano mais leve e prazeroso, como tomar um banho quente, saborear uma refeição deliciosa ou contemplar um pôr do sol em silêncio.

Aqui vivenciamos um tipo de “felicidade” de certa forma mais superficial, apenas baseada em sensações agradáveis passageiras.

Vida Boa (Engaged Life)

É a vida orientada pelo uso dos nossos pontos fortes em atividades (hobbies, nas relações ou no trabalho) que nos envolvem profundamente.

É marcada por momentos de flow, quando perdemos a noção do tempo porque estamos tão imersas em algo que nos preenche. Isso pode acontecer ao pintar, pesquisar, escrever, ensinar, praticar esportes ou liderar um projeto.

Vida Significativa (Meaningful Life)

Aqui, o foco está em encontrar sentido na existência. É quando usamos nossos talentos e forças para contribuir com algo maior que nós mesmas, seja por meio de uma causa social, de uma prática espiritual, de um projeto ou missão pessoal.

A vida significativa transcende o prazer (Vida Agradável) e o desempenho (Vida Boa), conectando-nos ao nosso propósito mais profundo.

É nesse ponto que definimos um senso de propósito na vida; ou seja, encontramos um motivo para viver e levantar todos os dias.

O senso de propósito é fundamental para o bem-estar, pois a ausência de sentido pode gerar vazio existencial, que se manifesta como depressão, tédio ou desespero.

A Vida Plena (The Full Life) x A Vida Vazia (The Empty Life)

De acordo com Seligman, a Vida Plena é a integração consciente e contínua dos três elementos identificados nas vidas Agradável, Boa e Significativa: prazer, engajamento e sentido.

Na prática, isso significa vivenciar:

  • Emoções agradáveis,
  • Estados de flow,
  • E aplicar as nossas forças pessoais em prol de algo maior que nós mesmas.

Em contraste, uma “Vida Vazia” se caracteriza pela ausência desses três elementos: sem prazer, sem engajamento, sem propósito.

Atualmente, você vivencia ou há a ausência desses três elementos na sua vida?

Para colocar em prática o modelo de Vida Plena, de Seligman, você pode se tornar capaz de:

  • Cultivar emoções agradáveis intencionalmente em relação ao passado, presente e futuro.
  • Acessar o estado de flow ao colocar em prática as suas forças de caráter em hobbies, relacionamentos e no trabalho.
  • Desenvolver um senso de propósito e contribuir com algo maior que si mesma.

A imagem abaixo composta por quatro círculos (o que você ama, o que o mundo precisa, pelo que pode ser pago e no que é bom), que ficou famosa como uma representação do Ikigai é uma adaptação ocidental do conceito tradicional japonês.

O diagrama foi adaptado e popularizado no Ocidente por volta de 2014, por Marc Winn, um consultor britânico, e pode ser muito útil na definição de senso de propósito no trabalho.

Se quiser explorar mais a aplicação de senso de propósito no trabalho, confira esta conversa no Chá das Cinco.

O senso comum associa equivocadamente propósito apenas ao trabalho. Mas como o verdadeiro conceito de ikigai japonês reforça, servir a algo maior não precisa ser um projeto grandioso ou atrelado ao trabalho. Pode ser tão sutil quanto cultivar um jardim, cuidar de alguém querido ou se dedicar a uma prática espiritual.

Ikgai: O senso de propósito na vida para além do trabalho

Ikigai é uma palavra japonesa que pode ser traduzida como “razão de ser” ou “aquilo que faz a vida valer a pena”. É um conceito central na cultura de Okinawa; região onde vivem algumas das pessoas mais longevas e felizes do mundo.

O Ikigai é pessoal e muitas vezes invisível aos olhos externos. É aquilo que dá sentido à vida no cotidiano. Está naquele motivo íntimo que faz você se levantar com vontade de viver, mesmo que pareça irrelevante para os outros.

Conectando o uso das forças pessoais ao conceito de Ikigai, se uma das suas principais forças de caráter é a gentileza e generosidade, você já está vivendo seu ikigai; ou seja, tem senso de propósito na vida ao prestar ajuda fazendo uma ação de caridade, ao cuidar de um ente querido que enfrenta uma doença, ou mesmo ao cultivar um jardim que outras pessoas também vão usufruir.

Além de ser um motivo para se levantar e uma forma de aplicar as suas forças, esses gestos simples já contribuem com algo maior que você.

Qual estágio de qualidade de vida você está vivendo no dia a dia?

Como vimos, a Vida Plena de acordo com Seligman baseia-se na integração entre emoções agradáveis no cotidiano, estado de flow e servir à algo maior que a si mesma.

Quando conseguimos alinhar essas três dimensões, experimentamos coesão interna e o senso de propósito existencial em vez de vazio existencial.

Contudo, é importante destacar que integrar essas dimensões não significa eliminar os desafios ou viver uma vida perfeita, mas sim viver com mais presença, intenção e autenticidade.

Explorar cada um dos três elementos que contribuem com uma Vida Plena é uma escolha diária, que promove o nosso bem-estar. e autorrealização. Você já conhecia as “três vidas feliz” delineadas por Martin Seligman? Em qual estágio de qualidade de vida você está vivendo?

Hoje, você tem vivenciado apenas prazeres momentâneos e emoções agradáveis no seu dia a dia? Ou também já acessa o estado de flow e usa as suas forças para contribuir com algo maior que si mesma?

Bjo. Aline

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