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O pé de goiaba e a dificuldade de crescer sob a sombra

No quintal da casa de meus pais, onde cresci, havia um pequeno pomar  com: mangueira, abacateiro, pé de acerola, pitanga, limão, jambo, romã e um pé de goiaba.

Sim, o espaço era pequeno, mas bem aproveitado.

Tão frondosa era a mangueira, que ela criava muita sombra no quintal e em parte da casa. Um presente da natureza que aliviava o calor, especialmente no verão.

Não tenho dúvida de que a árvore esbanjava imponência em nosso quintal desde muito antes de habitarmos ali.

Lembro que ainda menina escalava seus galhos desafiadores. Era no topo do pé de manga frondoso que me sentia mais  segura. Éramos apenas eu, meus pensamentos e tormentos infantis.

Mas a mesma sombra que nos acomodava e os galhos que me acolhiam, aos poucos iam matando nosso pé de goiaba.

Sob a sombra

Não sei ao certo como e quando a goiabeira foi parar ali. Só sei que ela cresceu devagarinho até alcançar os galhos da mangueira. Na luta pela vida ela começou a se esquivar em direção ao muro que delimitava a fronteira entre nosso quintal e o do vizinho.

Ao contrário da mangueira, o pé de goiaba não era frondoso, nem bonito. Na verdade ele era bem esquisito. Os galhos secos, sem folhas, em vez de carregarem goiabas, estavam cobertos de teias de aranha. Sua forma lembrava um filme de terror. Era basicamente um tronco torto com galhos secos.

Talvez por falta de iniciativa, ninguém havia dado um fim em sua vida, e assim ele continuou crescendo.

Certo dia, após um vizinho reclamar, meu pai decidiu podar a mangueira para evitar a queda das folhas e frutos em terreno alheio. Como papai sempre gostou de cortar árvores, é quase um hobby, ele se empolgou e cortou totalmente a copa da árvore, deixando apenas seu esqueleto imponente de pé, sem galhos e folhas.

Quando vi essa imagem, meus olhos lacrimejaram e chorei. A mangueira parecia sem vida.

Luz para florescer

Dias após a poda comecei a perceber algo diferente nos galhos do pé de goiaba. Eram uns pontos verdes. De imediato pensei que fossem algum tipo de infestação, mas bastou eu me aproximar um pouco para perceber que os pontinhos eram pequenos brotos que logo ganhariam a forma de folhas.

Conforme o tempo passou mais folhas brotaram e desabrocharam, e com elas vieram as primeiras flores e frutos. Ao observar o evento, uma reflexão começou a martelar em minha cabeça: “é difícil crescer sob a sombra”. Toda vez que olhava para o pé de goiaba, tal pensamento retornava.

Aos poucos ficou claro para mim que o incômodo provocado pela cena era o nascedouro de uma analogia.

Sim, é difícil crescer sob a sombra. A mangueira e a sombra que ela cria podem representar a falta de autoconhecimento que limita nosso melhor desempenho na vida, o que envolve amor, trabalho, relações interpessoais etc; condições financeiras desfavoráveis; seio familiar desestruturado etc. Ou seja, pense em algo que o limita e então você terá a ou uma das mangueiras que fazem sombra em sua vida.

Em marcha, Ents

A boa notícia é que, na minha percepção, diferente da goiabeira seres humanos não estão totalmente à mercê de um agente externo, que venha podar a árvore frondosa.

Às vezes a gente pode até se esquivar, assim como fez o pé de goiaba, mas dependendo da situação, se esquivar não é o suficiente. É preciso deixar o quintal. É preciso mudar.

Não estou dizendo que se libertar dessa sombra seja algo fácil. Acredito que é possível. As maneiras são diversas e pode ser que não dependa apenas da gente. Mas com toda certeza somos o ponto de partida.

Por mais profundas que sejam nossas raízes, neste aspecto nos parecemos mais com Ents, as árvores andarilhas de O Senhor dos Anéis, do que com goiabeiras, pois podemos caminhar.

E aí, acha que o texto faz sentido? Conta pra mim 😀

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