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Aprenda a agir com base em valores pessoais em vez de reagir pela emoção

Emoções são como ondas. Vem e vão. Por isso não é raro a gente se arrepender de uma ação realizada no “calor da emoção”.

Em geral isso ocorre porque nesses casos tomamos uma decisão com base em comportamentos automáticos, não em nossos valores. Quando a onda da emoção passa, os valores emergem e percebemos que a ação não é coerente com o que acreditamos.

Mas se valores pessoais é algo tão importante pra gente: por que os negligenciamos em situações emocionais? 

Uma possível explicação para isso é o fato de que, para gastar menos energia, nosso cérebro automatiza vários processos, operando espécies de programas que são iniciados de acordo com o contexto apresentado. 

Assim como mantemos hábitos na rotina da manhã, como levantar logo que o despertador é acionado ou clicar no botão soneca e voltar a dormir, também apresentamos hábitos emocionais. Diante de um contexto conhecido (gatilho) podemos reagir de acordo com o padrão de ação (rotina) manifestado em uma situação semelhante vivenciada no passado. Para saber mais sobre o looping do hábito confira essa conversa aqui. 


Tenho certeza de que não é muito difícil você lembrar de algum comportamento emocional recorrente adotado em determinadas situações, que gostaria de alterar. O seu padrão pode ser brigar, ficar na defensiva, falar “verdades” e se arrepender, chorar, esquivar-se etc. 

Todos temos nossos hábitos emocionais, algumas pessoas não estão conscientes dos seus outras tem consciência mas não consegue alterá-los. E assim vivenciam situações recorrentes que causam sofrimento. 


Tais comportamentos automáticos manifestados em cenários parecidos podem ser resultado de experiências anteriores (a forma que aprendemos a agir diante daquela situação) e motivadas por emoções medo, raiva etc que são espécies de programações universais. 


Razão e emoção: o que vem primeiro?

Embora não seja consenso no meio acadêmico, é considerado que humanos manifestam cinco emoções básicas: alegria, tristeza, medo, desgosto e raiva, que podem ser percebidas nas microexpressões faciais e, de forma mais abrangente, por meio da linguagem corporal.

A manifestação dessas emoções podem ser dissimuladas, mas não totalmente controladas pela gente. São respostas automáticas na dinâmica mente-corpo.


Diferente do que as produções culturais nos fazem acreditar, as emoções não não processadas no coração, sim pelo chamado sistema límbico desenvolvido antes do que a parte racional do nosso cérebro.

Dentro de uma perspectiva evolucionista, a função das emoções é preservar a nossa sobrevivência. Nada poético, né?

Por isso faz bem curtir ciência e arte nas suas diferentes formas de expressão, assim fica mais fácil equilibrar choque de realidade e leveza na vida.

Para nos proteger, uma ação emocional é gerada mais rápido do que uma racional. Diante de um perigo, como uma onça pintada querendo nos devorar sentimos medo e reagimos. Nesse caso, não seria uma boa ideia parar para refletir e deliberar com a onça sobre como resolver a questão de forma plausível. 


No livro  Rápido e Devagar: duas formas de pensar, Daniel Kahneman apresenta os conceitos de sistema 1 e sistema 2, em que o cérebro humano operaria.

No sistema 1 tomamos decisões rápidas, com base no instinto. O sistema 2 seria unicamente humano, pois é nele que reside a racionalidade onde exercemos, por exemplo, o autrocontrole. E autocontrole tem tudo a ver com essa conversa sobre reações automáticas, certo? 


Essa distinção pode nos fazer acreditar que é razoável a ideia da existência de que um sistema puramente emocional e o outro racional, mas parece que não é  bem assim que as coisas funcionam. No livro O Erro de Descartes, o neurocientista António Damásio apresenta a tese de que a emoção é inerente ao processo de tomada de decisão. Inclusive, muitas vezes até quando acreditamos que racionalizamos um processo de tomada de decisão, podemos na verdade estar manifestando um padrão de comportamento com base em hábitos emocionais. Explico melhor isso  e a tese de Damásio em um conteúdo sobre a influência das emoções em processos de tomada de decisão. 
Embora a manifestação das emoções no nosso corpo (expressão de alegria, tristeza, medo, desgosto e raiva) não estejam totalmente sob o nosso controle e a emoção faça parte dos processos de tomada de decisão, é possível driblar hábitos emocionais por meio da racionalização dos fatos de forma mais profunda e da clareza dos nossos valores pessoais. Isso mesmo, ter clareza sobre o que valorizamos é uma maneira de AGIR de forma mais coerente com a gente, em vez de REAGIR no automático.
Ação baseada em valores em vez de puramente em programações  Para mim liberdade e compromisso são dois valores fundamentais. Algumas pessoas podem interpretá-los como contraditórios, mas não são. Por exemplo, para trabalhar parcialmente de forma remota preciso me comprometer com os prazos de entrega das atividades que assumo, independentemente de ir ou não para o escritório e de um chefe monitorar a minha produtividade. 
Aproveitando a pauta, alerto você para o fato de que desconhecer os nossos valores e das pessoas com as quais convivemos pode ser um ótimo jeito de prejudicar nossas relações interpessoais. Pois é, de PREJUDICAR. Pois se valorizo liberdade e compromisso, ainda que de forma inconsciente, vou esperar que o outro valorize isso tanto quanto eu. Por essa razão, posso me sentir frustrada quando alguém limita a minha liberdade ou não cumpre um combinado. Talvez você já tenha observado a si mesmo repreendendo ou evitando alguém que viu praticar alguma ação que desaprova, tipo não devolver o troco errado ou furar a fila.
Em geral, a gente desenvolve aversão de quem manifesta comportamentos que afrontam nossos valores e nos atraímos por aqueles que compartilham do que acreditamos. Se valorizo conexões genuínas e relacionamentos harmônicos, logo empatia, respeito e companheirismo são essenciais para mim, provavelmente vou me sentir em sintonia com alguém que manifeste atitudes coerentes com esses valores. Repare no seu círculo de amigos, é provável que ele seja composto por pessoas com perfis muitos distintos, mas que compartilham o que você acredita: seus valores. Essa é a sua galera 🙂
Mas se você vive em sociedade, possivelmente não vai conseguir se manter o tempo todo dentro da sua bolha (e isso nem é legal). Para nos relacionarmos melhor uns com os outros precisamos constantemente fazer um esforço intencional para entender a linguagem do outro, e isso inclui preocupar-se em identificar os seus valores para evitar que os nossos entrem em conflito com os dele. 
Assim, para agir com base em nossos valores é essencial identificá-los. Caso não saiba ou não tenha clareza sobre os seus, disponibilizei  alguns aqui para ajudá-lo a começar o movimento, mas existem infinitas listas de valoresque podem ajudá-lo a perceber o que mais conversa com você. Valores são muito pessoais e independem de contextos religiosos, familiares etc, então sinta-se livre para “adicionar” algum que não existe em nenhuma lista padrão.


Como formar hábitos emocionais (reações automáticas) conectados aos nossos valores Agora que sabemos que nossas ações diante de determinados contextos podem ser resultado de programas baseados em a) experiências passadas e b) emoções universais, mas que podemos mediá-las por meio da racionalização baseada em nossos valores, você pode questionar: “Lindo, Aline, mas como faz isso na prática?”. 
Como disse, manifestamos hábitos emocionais, e assim como nossos outros muito hábitos podemos substituir os atuais que nos prejudicam por novos. Para isso precisamos identificar os gatilhos e a reação automática apresentada de forma recorrente diante dele e, com essa informação, desenvolver uma estratégia para adotar o novo padrão de comportamento baseado em nossos valores diante do contexto.

Imagine que Maria acredita que pode se tornar uma pessoa e profissional melhor (merchan rs) por meio do feedback em casa e no trabalho, mas sempre que alguém faz alguma crítica (seja a irmã, namorado ou chefe) ela se fecha em si mesma e/ou adota uma postura defensiva. Ora ignora o que foi falado e depois fica problematizando a questão ou se sente amaçada e começa a justificar-se.
Ela pode ter desenvolvido tal comportamento com base nas muitas críticas recebidas pelos pais na infância, ou apenas reage dessa maneira porque diante de uma ameaça agimos com base no medo. Sim, é muito comum agirmos com base nas emoções (medo, raiva etc). Nesse caso Maria não está sendo coerente com os seus valores. Ao perceber que manifesta esse comportamento de forma recorrente pode decidir que na próxima vez que receber um feedback (gatilho), vai apenas escutar palavra por palavra sem julgar, observar como seu corpo se comporta e o que está sentindo, e adotar uma postura receptiva (nova rotina ou padrão de comportamento). Posteriormente ela pode identificar se o que foi falado é baseado em fatos e o que pode ser feito com essa informação. A recompensa de Maria pode ser a sensação de evolução pessoal, satisfação por ter conseguido manifestar autocontrole etc.  
O início do processo de reconfiguração de nossos comportamentos automáticos baseados em hábitos emocionais com certeza vai demandar muito esforço intencional, mas a proposta é de que aos poucos o novo comportamento seja incorporado e se torne o padrão realizado pelo sistema 1, àquele que responde forma instintiva de modo que sequer precisamos pensar.
Mas para chegar lá, primeiro precisamos ter clareza de valores e racionalizar nossas ações com base neles.  Assim a gente pode surfar nas ondas das nossas emoções em ser levado por elas. 
E aí, já identificou qual padrão de reação emocional gostaria de mudar? Compartilhe nos comentários, assim podemos ajudar uns aos outros a desenvolver estratégias para reconfigurar nossos hábitos emocionais. Beijo :)Aline

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